31 de julho de 2013

Vista Cansada: a série.


O trecho acima foi retirado de um texto de Otto Lara Resende, publicado originalmente no jornal “Folha de S. Paulo” na edição de 23 de fevereiro de 1992.

No texto, de forma bastante poética, ele nos chama à atenção essa grande indiferença que nos acomete diariamente, por causa de nossa rotina. Quase não vemos mais as coisas que nos cerca e que nos fazem companhia rotineiramente. Não vemos as coisas, as pessoas, nada... com o tempo, parece não vermos mais nada...

Como Otto Lara Resende mesmo afirma, "há pai que nunca viu o próprio filho. Marido que nunca viu a própria mulher, isso existe às pampas. Nossos olhos se gastam no dia-a-dia, opacos."

Triste. Inquietante. E friamente verdade.

Lendo e refletindo acerca da ideia contida no texto, resolvemos compartilhar durante o mês de Agosto algumas imagens.

Simples, normais, cotidianas na maioria delas. Mas fazê-las foi um exercício do olhar. Uma forma de "re-olhar" pequenos detalhes do dia a dia.

Abaixo, o texto completo. E a partir de amanhã, as imagens...

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Vista cansada


Otto Lara Resende



Acho que foi o Hemingway quem disse que olhava cada coisa à sua volta como se a visse pela última vez. Pela última ou pela primeira vez? Pela primeira vez foi outro escritor quem disse. Essa idéia de olhar pela última vez tem algo de deprimente. Olhar de despedida, de quem não crê que a vida continua, não admira que o Hemingway tenha acabado como acabou.

Se eu morrer, morre comigo um certo modo de ver, disse o poeta. Um poeta é só isto: um certo modo de ver. O diabo é que, de tanto ver, a gente banaliza o olhar. Vê não-vendo. Experimente ver pela primeira vez o que você vê todo dia, sem ver. Parece fácil, mas não é. O que nos cerca, o que nos é familiar, já não desperta curiosidade. O campo visual da nossa rotina é como um vazio.

Você sai todo dia, por exemplo, pela mesma porta. Se alguém lhe perguntar o que é que você vê no seu caminho, você não sabe. De tanto ver, você não vê. Sei de um profissional que passou 32 anos a fio pelo mesmo hall do prédio do seu escritório. Lá estava sempre, pontualíssimo, o mesmo porteiro. Dava-lhe bom-dia e às vezes lhe passava um recado ou uma correspondência. Um dia o porteiro cometeu a descortesia de falecer.

Como era ele? Sua cara? Sua voz? Como se vestia? Não fazia a mínima idéia. Em 32 anos, nunca o viu. Para ser notado, o porteiro teve que morrer. Se um dia no seu lugar estivesse uma girafa, cumprindo o rito, pode ser também que ninguém desse por sua ausência. O hábito suja os olhos e lhes baixa a voltagem. Mas há sempre o que ver. Gente, coisas, bichos. E vemos? Não, não vemos.

Uma criança vê o que o adulto não vê. Tem olhos atentos e limpos para o espetáculo do mundo. O poeta é capaz de ver pela primeira vez o que, de fato, ninguém vê. Há pai que nunca viu o próprio filho. Marido que nunca viu a própria mulher, isso existe às pampas. Nossos olhos se gastam no dia-a-dia, opacos. É por aí que se instala no coração o monstro da indiferença.

24 de julho de 2013

Esboço de uma vida


É trabalhoso, mas o resultado é muito interessante! Confira:


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23 de julho de 2013

"Tempestade no Mar da Galiléia"




Ser crítico em qualquer assunto deve ser mais fácil do que ser o criticado, imagino. Arte também tem essa característica: os entendedores de Arte nem sempre conseguem se expressar com tinta e pincel.

E ainda assim tece-se teses e tratados sobre a obra de grandes pintores. Quanto maior a fama de determinado artista, mais ele rende em termos de vendagem ou mesmo de valor de suas obras em leilões especializados.

É da natureza humana essa necessidade de opinar sobre tudo e todos. E também a necessidade de saber a opinião dos outros a respeito de determinado assunto.

Mas, e o que dizer de "Tempestade no Mar da Galiléia" a tela de Rembrandt que ilustra este post? Talvez muito a dizer... Mas não sendo especialista, melhor ser superficial...

Primeiro, deve ser ressaltado o fato de que essa é a única obra a retratar uma paisagem marinha, e isso ajuda a criar uma maior noçao e valor acerca dessa tela.

Parafraseando o título do livro editado pela Cosac Naify, o que faz de um Rembrandt um Rembrandt? Sendo direto, o jogo de luz e sombra de suas telas, a principal marca de sua obra.

Talvez seja importante frisar que Rembrandt era um sujeito com um estilo muito próprio. Isso apenas não o define, claro.

É sabido que no exercício de sua arte conseguiu transmitir grande impacto visual criado pela diferença de luminosidade dos ambientes retratados e que criavam um efeito de profundidade. Diz-se que ele aprendeu muito com as técnicas de Caravaggio e de Da Vinci, demonstrando que mesmo os mestres têm lá suas "fontes"...

Uma curiosidade é que, segundo uma pesquisadora, Rembrandt tinha uma disfunção oftalmológica que não o permitia enxergar em profundidade e isto tornava-lhe mais fácil fazer a transposição do que se via para o que se pintava, pois o mesmo já enxergava em 2D.

Se isso mudar o seu interesse no assunto, saiba que a tela é avaliada em mais de 50 milhões de dólares!

Outra curiosidade, é que no quadro acima, Rembrandt se auto retratou. De roupa azul, boina, mão na cabeça e olhando para você...

Rembrandt está no quadro... Ele está bem ali no meio da tempestade olhando direto para você, mas você não pode vê-lo.

Não pode vê-lo, porque o quadro foi roubado...

16 de julho de 2013

Fotografia "Caliente"...



Ao contrário das fotos do post anterior, estas nao tem nada de frias: estão em chamas!

A foto acima foi feita por Chris Hirata e mostra o fotógrafo Kawika Singson em açao em um de seus ensaios de paisagem onde ele fazia uma sessão de fotos em um vulcão no Havaí.

Ao ser questionado sobre a veracidade da imagem, Singson insiste que é uma fotografia autêntica: "São lavas e chamas reais, e estava realmente quente!"

Dá pra imaginar...

Abaixo mais fotos de seu trabalho no qual registra belas paisagens de locais havaianos e também atividade vulcânica.







Fonte: www.singsonphotography.com
           www.facebook.com/chris.hirata.9
           http://g1.globo.com

10 de julho de 2013

Fotografia Gelada!

Herbert G. Ponting,  fotógrafo profissional que acompanhava a expedição British Antartic Expedition (1910-1913) que chegara ao extremo do Polo Sul no começo do século XX, ensinou a Robert Falcon Scott (1868-1912), capitão da expedição a sua arte: Fotografia.

Em 1912, o capitão Scott de volta ao Polo Sul, morreu juntamente com outros quatro membros da expedição.

Suas imagens foram publicadas no livro The Lost Photographs Of Captain Scott (As fotografias perdidas do Capitão Scott), quase cem anos depois.

Abaixo, algumas delas, que mostram o esforço do "Capitão Fotógrafo" e as belas imagens feitas por ele em sua expedição.



1.  Vista do monte Erebus, Antártida – 1911. (Capitão Robert Falcon Scott/Popperfoto/Getty Images)

2. 
Antártida – 1911. (Capitão Robert Falcon Scott/Popperfoto/Getty Images)

3.  Acampamento, Antártida – 1911. (Capitão Robert Falcon Scott/Popperfoto/Getty Images)

4.  Acampamento Evans, Antártida – 1911. (Capitão Robert Falcon Scott/Popperfoto/Getty Images)

5.  Antártida – 1911. (Capitão Robert Falcon Scott/Popperfoto/Getty Images)
6.  Capitão Lawrence Oates, membro da equipe do Capitão Robert Falcon Scott, Antártida – 1911. (Capitão Robert Falcon Scott/Popperfoto/Getty Images)

7.  Antártida – 1911. (Capitão Robert Falcon Scott/Popperfoto/Getty Images)
8.  Birdie Bowers, membro da equipe, Antártida – 1911. (Capitão Robert Falcon Scott/Popperfoto/Getty Images)
9.  Fotógrafo Herbert Ponting, Antártida – 1911. (Capitão Robert Falcon Scott/Popperfoto/Getty Images)

10.  Fotógrafo Herbert Ponting, Antártida – 1911. (Capitão Robert Falcon Scott/Popperfoto/Getty Images)

11.  Fotógrafo Herbert Ponting, Antártida – 1911. (Capitão Robert Falcon Scott/Popperfoto/Getty Images)



Fonte: http://veja.abril.com.br/blog/sobre-imagens